Pais, filhos e negócios de praia que atravessam as gerações

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Do Leme ao Pontal são 34 quilômetros de praia, diversidade, quiosques, gastronomia e histórias de pessoas guerreiras que fazem o Rio ser o Rio. O que nem todos sabem é que boa parte dessas histórias tiveram como ponto de partida uma figura paterna e que a Orla Rio, assim como diversos quiosques, possui em seu DNA uma relação familiar de amor, praia e negócios que já dura mais de 50 anos. E se tem um dia perfeito para contar um pouco dessas trajetórias é hoje: Dia dos Pais.

Batalhador, gente boa, honesto, parceiro e a pessoa mais inteligente que Lucas Vieira, o filho mais velho, conhece, esse é o Gil, que começou a escrever sua história na praia há 32 anos em um trailer quando a Praia da Barra ainda era uma “varzéa”. Pai de quatro filhos e dono de uma simpatia contagiante, Gilberto, mais conhecido com Gil, divide com o primogênito a administração do Bar do Gil, hoje um dos quiosques mais tradicionais da Barra da Tijuca. Desde os 11 anos de idade Lucas “trabalha” com o pai no quiosque, cresceu entre a praia e o calçadão, dividindo a brincadeira com o atendimento aos clientes e, segundo o pai, sempre deu indícios de que seria o seu braço direito no negócio. 

“Ele já gostava, ficava no quiosque nos finais de semana, foi crescendo e aprofundando o gosto que ele sempre teve até começar a gerenciar por conta própria. E eu aos poucos vou me afastando, dividindo algumas tarefas e deixando o gerenciamento na mão dele. Temos um bom relacionamento, ele é um bom amigo parceiro e muitas vezes é até meu pai. É só alegria”, conta Gil. 

Com os irmãos mais novos tendo optado por seguir outros caminhos, Lucas abraçou a parceria com o pai à frente do quiosque, onde cuida do gerenciamento, relacionamento, administração e das redes sociais do Bar do Gil. Atualmente ele conta com apoio do irmão  Kayo Vieira, terceiro filho de Gil, e não esconde o orgulho ao falar do trabalho.

Lucas à esquerda com o pai, Gil

“Eu acabei ficando porque eu gosto do que a gente faz. Trabalhar com meu pai é muito legal, a gente além de ser pai e filho é amigo também, mesmo com algumas divergências de ideias, a gente sempre acaba se entendendo. Eu posso dizer que meu pai é meu melhor amigo”, revela Lucas que completa: “Eu acredito que todo pai e filho que são apegados gostariam da ideia de trabalhar juntos e aqui no quiosque a gente consegue realizar isso todo dia, tendo esse contato tão próximo”.

O pai também é a inspiração de Daniele Cristina, que administra o quiosque, idealizado por Raimundo Jerônimo, conhecido como seu Gegê. Nascido no Ceará, apaixonado por pesca, extremamente trabalhador e pai de 8 filhos, seu Gegê começou a vida no Rio de Janeiro vendendo pamonha e milho na orla da Barra da Tijuca com pouco mais de 20 anos. O Pescador, quiosque da forma como conhecemos hoje, começou a ganhar forma no final dos anos 60, também com um pequeno trailer de onde saia o sustento de toda família.

“Todos fizeram parte desta história dando um pouco de si para o futuro da família. Desde pequenos sempre ajudamos nosso pai a construir o que o quiosque é hoje. Durante muito tempo foi uma referência, ele sempre se dedicou ao máximo e desde que ele se foi a gente se esforça para manter o legado dele”, lembra Daniele.

O seu Gegê faleceu em 2015 por conta um câncer no estômago e Daniele assumiu de vez o comando do quiosque no qual passou a maior parte da sua infância e juventude ajudando o pai. Hoje, juntamente com o marido, ela cuida do negócio sem deixar de lembrar tudo que aprendeu com o pai. 

“Toda nossa história é no quiosque, sou grata pelo amadurecimento e por todo avanço profissional que tivemos. Nosso pai foi um exemplo e tenho muito orgulho de compartilhar essa história”, afirma. 

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