Praia Para Todos inicia atividades de inclusão nas praias

O sol ainda estava um pouco tímido quando tendas amarelas e “tapetes” direcionados ao mar começaram a ser colocados em frente ao posto 3 da Praia da Barra. A movimentação diferente chamava a atenção de quem passava pelo local, mas, não demorou muito até que houvesse a percepção do que estava acontecendo. A logomarca estampada em guarda-sóis, na roupa dos voluntários que transitavam na areia, na tenda e no próprio posto de salvamento anunciava o retorno de um projeto que já virou o queridinho do verão: o Praia Para Todos. 

O projeto, que em 2020 celebra a 14ª edição, iniciou oficialmente as suas atividades no último sábado, dia 1, nas praias de Copacabana e Barra da Tijuca. O Praia Para Todos tem como objetivo promover a inclusão e acessibilidade nas praias para pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida. Sem restrição de idade, a ação desenvolve atividades esportivas e de lazer adaptadas às necessidades de pessoas com todo tipo de deficiência ou limitação, incentivando a integração entre membros da família e ajudando a melhorar a qualidade de vida. 

O projeto é apoiado pela Orla Rio e já beneficiou mais de 1500 pessoas ao longo das edições. O trabalho é feito por uma equipe de cerca de 20 pessoas entre coordenadores e voluntários de diversas áreas como fisioterapeutas e profissionais da saúde para garantir o atendimento aos participantes. Ricardo Gonzalez, é um dos idealizadores do projeto e comenta a importância social do trabalho: 

“Eles esperam ansiosamente o verão chegar e o início do projeto para fazer o simples que é frequentar a praia, chegar à areia, socializar e entrar no mar. A maioria das pessoas vem para dar um mergulho e só fazem isso através do Praia Para Todos”, comenta. 

Além do esperado banho de mar, para muitos o primeiro da vida – ou após um longo tempo, o projeto também oferece outras atividades paradesportivas como vôlei sentado, surf, piscina infantil e um frescobol adaptado, onde a bola fica presa a um fio de forma que o jogador pode recuperá-la sem precisar sair do lugar. 

“É como se a gente quebrasse um paradigma, antes era um sonho distante ter acessibilidade em praia agora é mais comum. Começamos do zero, o nosso projeto foi o pioneiro e agora já existem diversos outros, tiramos algo que parecia impossível do papel”, lembra Gonzalez. 

Vânia Marques é cadeirante, ficou paraplégica em 2012 e passou quase 5 anos sem ir à praia até conhecer o projeto. A participante de 55 anos conta que desde então, ir à praia virou uma programação certa do verão e que reúne a família inteira. Frequentadora do projeto há 4 anos, ela ainda se emociona ao lembrar do primeiro mergulho após perder a mobilidade.

“Eu só sabia chorar, não sabia diferenciar as lágrimas da água salgada. É uma experiência inigualável, a melhor coisa do mundo. Por isso todo apoio é importante, esse projeto não pode parar. Meu desejo é que todo mundo que tem mobilidade reduzida tenha a mesma oportunidade”, afirma.

O Praia Para Todos é gratuito e acontece aos finais de semana das 9h às 14h no posto 3 da Barra e no posto 5 de Copacabana. Os participantes fazem um cadastro ao chegar sinalizando as limitações e atividades que desejam fazer. A temporada de 2020 vai até o fim de maio.

Contratempos e solidariedade no retorno

Os usuários acostumados com o calendário ficaram aflitos em relação a realização do trabalho este verão por conta de um incidente envolvendo a carreta do projeto. Em dezembro, às vésperas do início do verão, uma carreta com parte dos equipamentos foi furtada. A organização estima um prejuízo de 30 mil reais em uniformes, tendas infláveis, cadeiras anfíbias e bicicletas adaptadas além dos materiais usados na estrutura montada nas praias.

Após o furto, uma rede de solidariedade se formou para fazer o Praia Para Todos acontecer. O projeto recebeu diversas doações e apoio de algumas empresas que contribuíram na reestruturação dos equipamentos. A Orla Rio, que sempre acreditou na missão do projeto e tem como valor a inclusão e o respeito à diversidade, doou, ainda em dezembro, uma nova carreta. 

O contratempo atrasou o começo das atividades que normalmente acontece no início do verão, mas, apesar disto, os coordenadores veem com olhar positivo toda ajuda e mobilização recebida em prol do retorno. 

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